Friday, March 5, 2021
Desalinho
Wednesday, January 27, 2021
A cerâmica, o tempo e o outro
Na regularidade de um tempo métrico e contado, passam os dias. Entretanto, esperamos e acalentamos a ideia de um tempo de imaginação e relaxamento, fora das atividades de subsistência. Aguardamos e construímos o tempo de encontro e inscrição de quem somos.
A cerâmica, desde sua feitura, ressoa esse tempo. O tempo-ceramista tem essa qualidade, é estendido ou contraído pelos fluxos da criação. Transporta e transborda, se inscreve no material e deixa seu rastro de passado, enquanto se lança para o futuro no presente, devir.
Devir que não se imagina, futuro criado pelas linhas da performance e desejo do outro. A cerâmica autoral se reinventa pelas mãos, ações e pensamentos de quem a acolhe em seu espaço.
A cerâmica autoral - xícara de café, vaso ou escultura - por sua expressão em poética, tátil e vibrátil, é acolhimento e provocação. Não se arranjam nos armários ou superfícies como aquelas advindas de processos industriais. É convite ao movimento, construída pelo movimento, dança com univocidade no espaço deste outro que a acolheu.
E sobretudo, nos fazem recordar que nossa singularidade também se estabelece em conexões.
A cerâmica envolvida nas tramas do cotidiano, não se rende. Convoca o outro em seus micros detalhes de caneca de chá em mão que se demora.
A cerâmica pede o toque, que desliza pela forma e pensa. Provoca o outro a escolher, este ou aquele prato? Por que nada é igual. E pede, tempo. O tempo de meditação ou brinde, de outra qualidade que só você poderá adjetivar, pois, em gota ou rio, é o seu tempo.
A cerâmica lembra pelos caminhos que a mais simples flor, que o vaso unitário aguarda, poderá vir por suas mãos. É tempo alterado e estabelece a cumplicidade entre. Entre vaso, flor, você e o mundo, se desdobrando em fôlego que revigora. Micros cuidados, micros afetos que nos lembram...
Não somos sós, somos sempre constituídos com o outro. E a cerâmica- ceramista deseja esta interação em extensão, que rompe cronologias, espaços e se conecta em multiplicidades e convida: Vem?
por Acácia Azevedo
Thursday, January 21, 2021
Inspiração: Engobes!
O conhecimento sobre o engobe é amplo e pode partir de diversas perspectivas e culturas. E camadas de conhecimentos e aplicações são acrescidas com o tempo, prática e história da cerâmica.
Historicamente os engobes são antecessores dos vidrados. Muito utilizados pelos egípcios, gregos, romanos, tendo se expandido no século XVIII pela Inglaterra e restante da Europa. Também existindo forte registro nas cerâmicas pré-colombianas e na cultura indígena brasileira.
De uma maneira introdutória, podemos pensar que o engobe é um composto de argila líquida que recobre e adere o corpo cerâmico após a queima, geralmente aplicado em ponto de couro, e muito utilizado como recurso na decoração de peças.
“Os engobes são uma mistura de argila líquida, óxidos e outros componentes, que podem ser aplicados em uma peça antes da esmaltação. Atualmente, existe uma grande variedade de engobes, naturais e industrializados, para os mais diversos tipos de produtos.” (54º Congresso Brasileiro de Cerâmica, 2010, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. Caracterização Tecnológica de solos residuais para uso de engobes em cerâmica artística. Z. M.P.Chrispim, M.G.Alves, I.S. Ramos, F. F. Almeida, A.L. Silva.)
Podemos dizer que o engobe é um acabamento, uma cobertura sobreposta que pode ser aplicada no ponto de couro e também no biscoito. Essa versatilidade se dá em função da inclusão de outras matérias primas, fundentes, porém não em quantidade suficiente para transforma-lo em um esmalte, esses fundentes visando uma melhor aderência do engobe aos diversos corpos cerâmicos.
AZEVEDO, Acácia. AA Ceramic Studio. Engobes: Inspiração! 2021. Acesso em: dia.mês.ano. copie e cole o link aqui.
Acácia Azevedo