Espelhos de metal dissimulado
Espelho de acaju que entre a bruma
Do seu rubro crepúsculo esfuma
Esse rosto que olha e é olhado,
Infinitos os vejo, elementais,
Executores de um antigo pacto
Multiplicar o mundo com o acto
Generativo, insones e fatais.
Prolongam este vão mundo incerto
Na sua vertiginosa teia;
Às vezes pela tarde os rodeia
O hálito de alguém que não está morto.
Espia-nos o cristal. Se entre as quatro
Paredes da alcova há um espelho,
Já não estou só. Há outro. Há o reflexo
Que encena n`alba sigiloso teatro
Trechos do poema Espelhos, Borges (1999, p. 213-214)
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