Esta argila, ainda úmida, foi o que restou do acabamento
das peças para o Sukiyaki do Bem.
Deixei que elas secassem bem.
Quando tem sol, coloco em madeira, com uma folha de jornal e esqueço lá. Ou volto para revolver e adiantar o processo, para secar uniformemente. Observe na foto como há partes secas (mais claras) e úmidas (mais escuras).
Tem que ficar seca, seca mesmo, pois isso resultará em
uma massa uniformemente hidratada.
Coloco a argila na água para ter certeza que ela se hidratará por completo. Não deixo levantar muita poeira na água, dica da Profª Estela Miyauchi. Vou colocando a argila, pacientemente, aos poucos. Adiciono a argila na água e não deixo que grumos se formem. Já ao contrário, quando coloco água na argila (principalmente quando tenho uma quantidade grande de argila) partes não ficam hidratadas por completo e pelotas, grumos, se formam. Veja estas fotos, entre as fotos 2 e 3 de cada processo, há um intervalo de repouso de meia hora para depois mexer:
Depois de cerca de 2 horas, a argila depositou, retirei o excesso de água e veja os resultados para uma pequena porção de argila:
No 2º e 3º processo, com uma quantidade mais significativa de material, certamente eu teria que peneirar toda a argila.
Como a quantidade era grande, deixei uns dois dias de molho para que ficasse hidratada por inteiro. Mexi bem e deixei decantar. Quando decanta, retiro a água da superfície, que reaproveito para limpeza ou mesmo para tornear. Mas sempre com cuidado para não perder as partículas mais finas da argila!
Detalhe, não deixo a argila no chão sujo, sempre que vou começar a dar acabamento em peças, varro tudo e uso os cabelos presos! Assim, não preciso peneirar a massa antes de coloca-la no gesso. Mas se você tiver cachorrinhos, gatos, ou cabelos esvoaçantes durante o processo de acabamento, vai precisar peneirar.
Observação: Quando tenho barbotina resultante do processo de tornear as peças, eu guardo a barbotina em pote fechado e nesta hora, quando já hidratada, mexo a argila, e adiciono a barbotina.
Peneiro a barbotina só para tirar partes grandes e grumos, ou separo com a mão mesmo, mas aproveito todas as partículas finas provenientes da barbotina, o que me dá uma melhor qualidade na argila reciclada.
O que faço com os pedaços grandes e grumos? Deixo secar para reciclar.
Tenho sempre o cuidado de deixar os pedaços os menores possíveis, principalmente pedaços maiores provenientes da modelagem manual , quebro tudo pequeno.
Isso ajuda a secar mais rápido e hidratar de forma mais homogênea. Nada de pedações que se transformam em pelotas no meio de minha reciclagem.
Uso um "pão duro" para ajudar a colocar toda a pasta cerâmica no gesso.
O barro está cremoso.
Distribuo a argila para que fique numa altura mais uniforme e faço essas separações que ajudam em uma secagem mais homogênea. Outra dica da Profª Estela Miyauchi!
Quando não fazemos isso, as bordas tendem a secar mais e o centro fica empapado, dificultando o manuseio na hora de amassar.
A argila ficou no gesso por um tempo (entre 2 e 3 horas).
Enquanto isso, vou para a limpeza.
No começo eu não tinha placa de gesso (a da foto tem 5 x50 x50 cm), eu utilizava uma tigela biscoitada de parede espessa que eu mesma fiz, uma telha também vale, ou seja, uma superfície porosa que ajuda na absorção.
No meu atelier não tem tanque, isso me ajuda a economizar água. Aqui não tem desperdício. Nada de torneira aberta para lavar ferramentas, nada de barbotina perdida. Tudo é aproveitado ao máximo! Nunca cheguei a usar estes dois baldes de água integralmente (7 litros em cada) mesmo em um dia de trabalho intenso.
Enquanto isso, lavei de forma mais grosseira tudo que usei, com 500 ml de água.
Com a esponja limpo ferramentas e as bordas do balde.
A água da limpeza é recolhida no mesmo pote que usei no início.
Você pode deixar decantar e aproveitar a água limpa para tornear e o restante da argila colocar no gesso também.
Como tenho quintal, derramo o que sobrou lá, o solo fica mais rico; desde que não seja uma quantidade enorme, as plantas agradecem e retribuem com beleza.
Mais 500 ml de água para limpeza fina.
Bacia limpa com esponja por dentro e por fora e ainda sobrou uma água clara que vai me ajudar a limpar as placas de gesso no final do processo.
A argila deve ficar no gesso até começar a perder o brilho.
Ao surgimento das primeiras rachaduras, é hora de tirar ela do gesso.
A argila descola fácil do gesso pois não está molhada ou empapada, porém úmida o suficiente para ser amassada, macia. Caso a camada seja muito fina ou eu esqueça ela no gesso, pode ficar muito seca e quebradiça, ai só reciclando de novo.
Por isso, um olho no peixe e outro no gato!
A argila reciclada costuma ter muito mais bolhas do que uma argila nova, portanto, precisa ser bem amassada, mas como está macia é fácil. Conto 50 amassadas para poder guardar. E na hora de utilizar essa argila, mais umas 50 amassadas no mínimo. Mesmo que amasse 100 vezes assim que reciclo, na hora de usar uma argila reciclada, amasso novamente. Uniformizar a umidade da massa antes de modelar é necessário tanto para argilas recicladas, como para argilas novas.
Acondiciono em saco plástico, sem furos!
Inflo o saco com ar para ter certeza que está inteirinho.
Identifico mês e ano no pacote, e só torno a usa-la daí a pelo menos 2 ou 3 meses. Neste "descanso" ela fica mais plástica e estável, tanto para modelagem manual quanto torno.
Sei que algumas pessoas acrescentam bentonita para oferecer mais plasticidade à argila, chamote para dar mais estrutura, ou mesmo aproveitam esse processo para fazer o paper clay (argila com celulose), aqui fiz o básico do dia a dia. Mas as possibilidades são várias, inclusive a utilização de óxidos para termos argilas coloridas. Mas isso requer testes de queima, e protegendo bem a placa do forno, pois o ponto de sinterização da massa pode ser alterado, ok?!
Procuro nunca deixar juntar muito barro para reciclar, se não fica impossível! Fora a falta de coragem que dá. O meu máximo de argila é esse ai, por volta de 8, 10 quilos. Quando o processo de produção das peças permite, reciclo de 3 a 4 quilos por vez. Mas dessa vez, como foram muitas peças para o Sukiyaki do Bem, entre erros e acertos (mais de 50) e a falta de tempo, então juntou bastante. Aproveitei para fazer esse registro. Espero que a experiência compartilhada ajude no processo de alguém e se tiverem alguma dica ou observação para me ajudar, comentem por favor!
Desde já agradeço!
Agora que acabei foi que notei quanta coisa é, e como pode parecer complicado para quem não está acostumado. Mas como tornou-se um hábito e
estes detalhes facilitam muito o meu trabalho no dia a dia,
acho tudo muito simples, como se uma ação levasse a outra.
Nota: Toda a minha argila é uma só, só uso Farias Branca para minha temperatura de queima (1.260º), pois como meu atelier é pequeno controlo melhor a estabilidade das queimas de esmaltes. Caso trabalhe com argilas diferente separo na hora de reciclar. E se junto tudo, tomo cuidado para que todas sejam argilas de alta temperatura.