O ceramista diariamente experiência
entre as mãos a metáfora da gênese da criação, e aprende. Da água e seus
vapores, a adaptabilidade, que possibilita o abrir asas da imaginação para dar
forma a terra. A gravidade é como que elevada pelo calor, pelas chamas.
Ceramistas caminham entre os segredos das energias mutantes. O pote... A terra...
Amassada, marcada, inscrita e mística, que se revela aos olhos telescópicos da
alma.
Curiosa a posição dos ceramistas na
sociedade... Todas as questões tecnológicas sempre estiveram envolvidas na
cerâmica. Porém, seus processos são ancestrais. E ainda hoje, é a cumplicidade
com o fogo que inspira curiosidade. Na solitude o ceramista instiga
metamorfoses em minérios que revivem as antigas fusões geológicas, recobrindo
suas peças com o véu alquímico e poético de cristalizações vítreas.
Os potes de cerâmicas emolduram o
vazio, mas é com o corpo que percebemos a boa cerâmica. Poema tátil, não
encerra em si sentido único, oferece espaço para apreciação, reinvenção e
utilidade. A cerâmica revela as mãos e o coração de quem a oferece
e de quem a
recebe.
Alma que reivindicou forma, a
cerâmica guarda os perfumes da terra, tendo antes sido barro humilde entregue
as mãos do ceramista. Este, outro grão de areia na composição do universo, oferece
seu melhor.
Aos amigos ceramistas, parabéns e lindas inspirações, hoje e sempre! Ao trabalho! ;)
Acácia Azevedo
Vinhedo, SP.